15 de março de 2010

Reflexões do arquiteto Calazans sobre o tema Cidade Compacta e Verticalização do Espaço Urbano de São Paulo

Queria aproveitar , querida RosMari, este teu espaço aberto, para debater a questão da verticalização em São Paulo e para afirmar que esta é uma importante questão, parte do debate da cidade compacta, mas nos falsos limites administrativos da Capital frente à questão Metropolitana.
Não dá para discutir a questão da cidade compacta independente de discutirmos qual o destino que queremos dar para esta Metrópole cuja população do restante da Capital significa uma população de mais de oito milhões de habitantes sendo que é preciso que nos convençamos que somos uma cidade só: uma "Cidade de Cidades", cujo projeto de lei estadual número 6/2005 para criação de um "Sistema de Gestão Integrada da Área Metropolitana" ou de um governo embrionário metropolitano e o debate com a Sociedade Civil para sua aprovação em caráter de urgência foi congelado por ação do Governador Serra que prefere governar sozinho esta metrópole de cerca de 20 milhões de habitantes, decidindo sozinho as prioridades de um orçamento de cerca de 20 bilhões de reais para a área metropolitana.
Se já não podemos encher e inchar mais o Centro Expandido, imagine o significado de uma cidade compacta, que se quer moderníssima, repleta de mono trilhos se cruzando no ar, como se isto fosse possível; diante de uma metrópole sem um projeto urbanístico e geopolítico e sem um Plano Diretor Integrado que articule, num só Projeto Urbanístico e Geopolítico, todos os Planos Diretores das trinta e nove cidades num só fenômeno Urbano com uma ocupação, na média, rala e desurbana, a não ser o Grande ABC que também vai se descaracterizando para a sua periferia.
É preciso ter a coragem de dizer que do déficit de 33% de moradias precárias, como diagnosticou o CEPAL, parte importante dele mais as moradias de cinco a dez milhões de pessoas que farão a Metrópole se estabilizar com uma população entre vinte e cinco a trinta milhões de habitantes nas próximas décadas, tem de povoar a área metropolitana e não o Centro Expandido ou mesmo a trama urbana contínua da Capital a não ser algumas regiões ainda de baixa densidade ou de trama urbana descontínua que temos na Capital.
Não se trata de não verticalizar mais.
Temos de ter um outro projeto de ocupação para toda a metrópole levando o desenvolvimento para toda ela.
Essa sim mais compacta e controlando uma trama urbana que tem que ser costurada e transformada em contínua, formando uma figura urbana transparente para cada cidadão dentro dela pela clareza de sua estrutura.
Mas para povoarmos de forma mais homogênea a Metrópole tranformando- a numa cidade que rompa o binômio Centro - Periferia e de desigualdades regionais intensas, conforme caminhamos para esta periferia (mesmo no Grande ABC), é preciso levar novas Centralidades para toda a região metropolitana.
E no debate sobre a articulação de um projeto Urbano para a Capital para um projeto Urbano para a Metrópole ficou claro para a maioria de nós que a várzea do Tietê tem a vocação de ser a grande espinha dorsal da Metrópole abrigando, dentro do seu grande Parque Urbano, vinte e cinco a trinta novas grandes centralidades, dentro do parque, cuja sequência delas conforme o novo grande Centro Linear Metropolitano dentro do Parque Linear Urbano do Tietê com alguns desenhos distintos, mas todos como Momentos dialéticos distintos da mesma Totalidade ou arranjo musical até com a capacidade de absorver algumas notas dissonantes sem romper a Harmonia conquistada.
Isto que nos faz alertar que tanto o projeto de Burle Marx, pela importância de vir do maior paisagista do século vinte, quanto do oportunismo do projeto de Ruy Otake que se fosse para termos um projeto bucólico e naturalista teríamos que resgatar o projeto de Burle Marx, muito mais amplo, alertando de que não podemos mais separar por dezenas de quilômetros a zona norte da zona sul da Metrópole impedindo que os eixos transversais, vindos do extremo sul, que naturalmente se dirigiriam para este projeto do parque tivessem sua continuidade garantida até o extremo norte tendo obrigatoriamente na intersecção destes novos eixos transversais do extremo norte ao extremo sul novas centralidades e grandes pólos habitacionais dentro do parque linear urbano que permitissem a conformação dentro do Parque, que poderia naturalmente dentro do Parque, por respeito à História ter o desenho de Burle Marx, de um Centro Linear Metropolitano com vinte e cinco novas Centralidades com dez a quinze mil habitações em cada Centro Urbano Integrado.
É preciso de forma urgente se motivar a consciência das sessenta mil pessoas que a Folha de domingo noticiou que terão que sair das várzeas do Tietê para que elas lutem orgulhosamente, com centenas de outros milhares de paulistanos e habitantes da metrópole, que elas devem permanecer dentro do Parque habitando os grandes Centros Urbanos verticais, centralidades de novos eixos geopolíticos, gradativamente.
Portanto não tem sentido por quilômetros e quilômetros de distância um Parque Urbano bucólico e naturalista como o Parque ecologico que só fez separar Guarulhos da Zona Leste e que não abriga nem a população ribeirinha e que agora se pretende, sem consulta pública sobre o carater do Parque que desejamos, estender este parque Urbano bucólico e onde a maciça presença urbana como o Parque Urbano do Flamengo que atrai populações imensas das regiões mais distantes do rio é vista como um necessario perigo à vazão da agua da barragem da Penha como se o talento do brasileiro não fosse capaz de compatibilizar a maciça presença humana e a preservação ambiental.
Pelo contrario.
O Parque Urbano desde Mogi das Cruzes a leste até a barragem da Penha e da cidade de Osasco desde o Cebolão até o Itapevi a oeste poderiam ser dois trechos imensos dos noventa quilômetros de Parque do Tietê dentro da àrea Metropolitana que poderiam se transformar em duas "Cidade das Águas", não tendo medo de interferir nos meandros dos rio, mas criar grandes lagos repletos de praias onde a cada tres a seis quilometros um eixo transversal ao Parque trouxesse o estremo norte e o extremo sul, num só eixo para formar na intersecção destes novos eixos transversais como num caleidoscópio construídos com os cacos da estrutura radial, concentrica, anelar e perversa da metropole atual para formar nestas intersecções grandes Centros Urbanos Integrados.
E estimulando o conflito de equipamentos Públicos com equipamentos e sedes de Entidades da Sociedade Civil, trazendo as Universidades para dentro deles (como a Universidade Federal da zona Leste que está sendo conquistada e que não tem sentido estar fora do Parque dentro do Centro Urbano na frente do eixo transversal que passa por Itaquera) como novos centros politicos e culturais destes grandes eixos transversais do extremo norte ao extremo sul em cada ponto da Metrópole com a construção de grandes polos habitacionais com dez a quinze mil habitações em cada um, enriquecendo a praia do Tiete que pelas suas dimensões de noventa quilômetros de comprimento com uma largura média de dois quilômetros poderiam convidar toda a população urbana metropolitana a vir conviver aos fins de semana num processo cultural e politico que exacerbaria a luta de classes agora pautada estruturalmente pela vida democratica e pela liberdade que exerceriam enormes pressões para o rompimento das imensas desigualdades regionais e formando novos espaços geopoliticos.
Com esta possibilidade de construirmos uma outra metrópole muito mais homogenea e realmente espraiando a sua população por uma nova trama urbana contínua, capaz de evitar a conurbação da trama urbana continua da "Metrópole de São Paulo" com a metropole linear e nuclear do Alto da Cantareira, mas dotada da mesma vida cosmopolita do Centro Expandido e da Avenida Paulista na riqueza de suas relações, perderia o sentido de se falar em transformar a Capital (ou parte dela dominada pelo Capital) em cidade compacta ficando claro o seu carater fascista e desagregador da Metrópole repetindo a incapacidade de Brasilia de absorver com a mesma beleza a população excedente e pobre, apesar de ser um dos maiores patrimônios da história da Humanidade que aqui na Metrópole de São Paulo, pela presença de nosso rio maior e suas grandes várzeas e pela força de um desenho novo, temos a possibilidade de ir capturar a mais distante das casas das mais distantes das periferias para dentro do espaço central da metrópole se distinguindo do aterro do Flamengo que não é um espaço central da Cidade.
E como insistimos no Parecer Tècnico que redigimos como relator de seu grupo para subsidiar a Ação Civil contra a Prefeitura e o Governo do Estado para sustar as obras da 22 marginais que massacram o nosso rio o projeto de vinte e cinco a trinta novas centralidades ou Centros Urbanos articulados com grandes pólos Habitacionais com dez a quinze mil habitações em cada um, construídos do Centro para a Periferia, poderia conformar este grande Centro linear Metropolitano dentro deste Parque Urbano de noventa quilômetros de comprimento desde Mogi das Cruzes até o Itapevi. Isto permitiria o gradativo adensamento dos eixos transversais ao Parque permitindo a formação gradativa de novos Espaços Geopoliticos, polarizados por estes eixos transversais, cada vez mais ocupados possibilitando podermos sonhar concretamente com uma Metrópole mais bem distribuida com populações equivalentes ou mais próximas uma das outras, variando de um milhão e meio a dois até 500 mil, todas de carater cosmopolita e articuladas com seus polos de desenvolvimento parte da estrutura econômica de serviços e de indústrias de ponta distribuidas respectivamente pelos Grandes Centros Urbanos passiveis de serem construídos aceleradamente do Centro para a periferia justamente caminhando por romper o binômio Centro-Periferia e pelas perimetrais desta estrutura, com sistemas integrados de transporte longitudinal, capaz de recriar grandes eixos industriais de um tipo de industria de ponta compativel com o papel da Metrópole de São Paulo na macro Metrópole que está se formando entre as tres Metropoles e a região de Sorocaba. Podemos, portanto imaginar não só a formação de um sistema de eixos transversais cruzando o grande parque urbano e centro linear metropolitano, mas novos eixos longitudinais no miolo da nova estrutura metropolitana ligando por exemplo os sistemas da Regis Bittencourt, Raposo Tavares com os eixos longitudinais internos das avenidas Aguas Espraiadas e Bandeirantes com os eixos longitudinais do Grande ABC tendo como um dos eixos fundamentais grande trecho leste oeste da avenida do Estado formando assim uma malha de relações onde um sistema ultra rapido de comunicação nos permita a todos os habitantes da metrópole deixar de encarar com receio se transferir para outros pontos da metrópole porque hoje isto fatalmente significaria o rompimento dos laços urbanos de teias de parentesco ocupando por gerações inteiras regiões próximas da metrópole porque mudar de região significaria perder os laços cotidianos de relacionamento. Poderemos assim criar uma nova estrutura metropolitana e uma nova malha de transportes ultra rapidos que permitam se superar o carater de guetos dos diversos territórios geopoliticos que se estrutura a metropole atualmente para poder quase que diariamente se encontar na grande praia metropolitana e, por dentro, navegar por uma malha de relações que poderá aproximar brutalmente cada ponto de cada ponto. Para tanto é preciso traçar uma estratégia de ocupação gradativa pelas novas grandes centralidade enquanto se espande o parque do Tietê induzindo o povoamento de seus eixos transversais e assim viabilizando a construção desta malha de circulação como num circuito eletrônico onde as circulações de informações não tem começo nem tampouco fim. Portanto não precisariam os Governos Municipal e Estadual de forma autoritaria e retrógrada estar quebrando a cabeça para retirar sessenta mil pessoas que hoje ocupam as varzeas do Tietê como noticiou a Folha na mesma matéria que noticiou o desrespeito histórico de não sabermos adaptar o Projeto de Burle Marx de apenas 35 anos inclusive para o rio Pinheiros porque deveríamos ter a coragem de dizer que seria necessario reestabelecer a comunicação dos eixos transversais do norte ao sul (interrompendo alguns momentos do desenho continuo para subvertê-lo) como afirmar que seria fundamental para a Metrópole que a varzea do Tietê se transformasse realmente na espinha dorsal da Metrópole com a localização nestas confluências de cerca de vinte e cinco a trinta novas grandes Centralidades e Polos Habitacionais (até para enriquecer e ajudar a manter o Parque). Centralidades e Polos Habitacionais capazes de induzir a acupação contínua da trama urbana para dentro dos eixos transversais viabilizando a reformulação do sistema viario global da metrópole passando de uma estrutura radial concentradora (e por antitese anelar) para uma estrutura em malhas, mas priorizando a relação de cada ponto com o seu Centro Urbano dentro da nova praia da Metrópole de modo a dar substancia a um projeto de povoamento de toda a Metrópole aí sim de forma compacta e o mais homogenea possivel com toda a diversidade caracteristica de cada eixo transversal criado do extremo norte ao extremo sul e vice versa.
Nesta medida, prezada RosMari, a luta pela não verticalização ganharia a dimensão de não mais adensar o eixo expandido, a não ser para compensações urbanisticas para a abertura de novos vazios públicos e areas verdes carentes cada vez mais na cidade para ganhar uma dimensão pela luta pela presença maciça da Habitação no Parque Urbano e Linear do Tietê, mas em pontos determinados, onde a construção altamente vertical e sobre area permeavel seria condição de criarmos estas novas grandes centralidades fundamentais para o repovoamento de toda a metropole que justificasse a viabilização de obras de infraestrutura capazes de ligar pontos extremos da área metropolitana em tempos muito pequenos para tirar o carater de guetos de cada região geopolitica propiciando o rompimento de barreiras psico sociais para que mesmos grupos sociais pudessem ocupar eixos transversais norte sul (conectados) sem perda destes vinculos sociais que caracterizam o carater ecológico do ponto de vista urbano as populações de cada macro-região da metrópole. Nesta medida a politica habitacional da Metrópole seria uma atribuição do novo governo embrionario metropolitano capaz de ir avançando cada vez mais longe simultaneamente as novas Centralidades e os projetos habitacionais do interior dos eixos transversais articulando urbanisticamente e arquitetonicamente os sub-centros das cidades da Metrópole sem deixar de aproveitar oportunidades como estas de construir um ou dois ou três Centros Urbanos ao lado de Polos habitacionais que tenham como demanda e ponto de origem estas 60 mil pessoas ou quinze a vinte mil habitações que já conformariam novos Polos Habitacionais atraindo a formação de novos Centros Urbanos mais distantes capazes de induzir a formação de seus eixos transversais. A zona leste quer que o campus da Universidade Federal da zona leste seja em itaquera. A zona leste da Capital e a zona leste da Metrópole tem sessenta mil familias para a conformação do parque na região dos bairros do Pantanal. Por que já não formar um grande Centro Urbano com o eixo transversal que vem pelo corrego que encontra a estação de Itaquera e se prolonga pela zona sul e tem seus caminhos traçados pela zona norte antes do eixo da Jacu-Pessego e formar um grande Centro Urbano já com a presença do campus da Universidade Federal dentro dele e localizar as quinze a vinte mil familias que tem para sair da varzea do Tietê para liberar as varzeas noutro ponto e já conformar o desenho deste grande Centro Urbano na frente de Itaquera com a presença da Universidade Federal, uma Universidade Técnica e quinze mil habitações dignas e espaçosas para estas famílias que não se sabe para onde se manda quase sempre sem nada colaborar para o desenho da cidade e da Metrópole.? Mas de nada adiantaria esta solução maravilhosa se não desenhassemos o eixo norte sul passando por este ponto do parque por dentro do Centro Urbano de Itaquera de modo a oferecer milhares e milhares de lotes e habitações ao longo deste eixo extendendo a cidade até aí. Portanto, cara RosMari as obras das centralidades ao longo do Parque Linear Urbano Metropolitano do Tietê justamente nas confluências dos sistemas integrados de circulação do Parque formando o Centro Linear Metropolitano com medidas paralelas e integradas de povioamento do interior dos eixos transversais que viabilizem a unificação dos eixos leste oeste paralelos ao parque do Tiete e do Centro Linear Metropolitano se constitui numa função de funçaõ onde a implantação de algumas medidas dependem das outras e as outras dependem das primeiras que exigiria um planejamento integrado para que gradativamente o território da Metrópole possa ser adensado criando condições de segurança para as populações concentradas na cidade de São Paulo para que elas possam ocupar estes novos territórios certas que estarão há poucas dezenas de minutos das regiões originarias de seus circulos de relações tendo na grande praia da metropole, sem interromper os eixos norte sul, o grande ponto de encontro de toda a população metropolitana. Precisamos, portanto, já perto de 2012, sair do debate especifico do PDE da Capital para conquistar uma aprovação da lei No 6/2005 que istitui o Governo Embrionario da Metrópole cujo primeiro trabalho será produzir coletivamente um Projeto Urbanístico e Geopolitico da Metrópole e daí elaborar o Governo e a Sociedade Civil o Plano Diretor da Metrópole para então voltarmos aos diversos Planos diretores das novas cidades que formarão a Cidade de São Paulo permitindo que a Metrópole seja formada por macro-regiões com populações aproximadamente próximas ou equivalentes com autonomia não só das subprefeituras, mas das grandes regiões da Capital sem que ela perca inicialmente a sua identidade, mas que esteja aberta a uma nova coerencia entre os novos espaços urbanos todos cruzando o parque linear do Tietê e o Centro Linear Metropolitano e os novos territórios geopolíticos. zecalazans@uol.com.br11/03/10

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